Desabafo de um calouro tipo B. Palavras em negrito, grifos meus.
Pensem num curso avacalhado? É esse tal de Jornalismo. Filho mais novo das chamadas "Ciências Sociais Aplicadas", o jornalista é um profissional incompreendido pelas demais ciências, inclusive por seus pares. Ao adentrar na universidade, o estudante do curso se depara com uma situação ímpar: iniciações científicas que não possuem relação alguma com os programas de extensão; alunos mais preocupados com aspectos técnicos que com aspectos mais relevantes; falta de oportunidades para colocar em prática alguns dos conhecimentos adquiridos.
Esse tal de jornalista, ao invés de ir na contra-corrente do "bacanal" estabelecido, acaba virando "marionete" desses políticos, empresários e artistas que adoram criticá-los quando falam algumas "verdades" (mesmo que pela metade), mas precisam absolutamente deles como porta-vozes para proferirem seus discursos pomposos, porém esdrúxulos (do ponto-de-vista prático). Nossa Carta Magna garante a liberdade de expressão, mas expressar essa liberdade? Nem pensar. "Cê tá louco? Vai perder aquela boquinha com o Deputado fulano de tal? Deixa de ser besta rapaz, deixa essa ética pra lá", é o que muito dizem. No Brasil é assim: se jornalista fala demais, vamos amordaçá-lo (com CFJs da vida); se fala de menos, ele é omisso (então se amordaça mais ainda, porque faltou com os interesses esdrúxulos).
Ahhh, esqueçam essa tal de "objetividade-imparcialidade". É uma idiotice sem tamanho. Por quê? É simples: nenhum jornalista será imparcial. Todos, por motivos diversos - vivência, ideologia, princípios, interesses - serão parciais. Tenderão pra esquerda (que diz fazer diferente, mas faz igual a direita), pro centro (a meretriz pra toda hora) ou pra direita (aquela que trata cachorro melhor do que gente). O que faz do jornalismo uma profissão instigante é o esclarecimento dos fatos. Fatos são fatos. São os tais "bacanais" que os distorcem. Nisso, incluímos as ideologias e os interesses. E ponto final.
Embora todos os mitos, males e obstáculos em torno desta profissão, estarei nela futuramente, porque gosto. Pra ser um bom jornalista, não basta apenas gostar de notícia. Tem que gostar de ler, de escrever, de falar e principalmente, criticar e apontar erros (inclusive os próprios e pedir desculpas quando for necessário). Jornalista não é perfeito, muito menos bonzinho, mas tem que ser respeitado e ter a liberdade (não vamos confundir com libertinagem) para trabalhar dentro dos "limites" da profissão e da ética. E sabem qual é o mais interessante? Não há Financiamento Estudantil (FIES) para os estudantes desse curso. HA HA HA. Ótimo, não é mesmo?
Pra finalizar esse texto (enorme) contarei uma do Festival de Besteira Que Assola o País - de Stanislaw Ponte Preta -, para vocês terem um idéia de como a democracia e o jornalismo são tratados nesse país. A peça "Um Bonde Chamado Desejo" foi proibida pela Censura Federal, lá pelos idos do regime civil-militar de 64. A atriz da peça, Maria Fernanda, procurou o Deputado Ernani Sátiro para que atuasse em defesa da classe teatral. Lá pelas tantas da peça, ela grita: "E VIVA A DEMOCRACIA". Na mesma hora, o Deputado retruca: "INSULTO EU NÃO TOLERO".
Sobre o autor:
Estudante de jornalismo pela Universidade Católica de Brasília e editor do blog TarjaPreta.
Esse tal de jornalista, ao invés de ir na contra-corrente do "bacanal" estabelecido, acaba virando "marionete" desses políticos, empresários e artistas que adoram criticá-los quando falam algumas "verdades" (mesmo que pela metade), mas precisam absolutamente deles como porta-vozes para proferirem seus discursos pomposos, porém esdrúxulos (do ponto-de-vista prático). Nossa Carta Magna garante a liberdade de expressão, mas expressar essa liberdade? Nem pensar. "Cê tá louco? Vai perder aquela boquinha com o Deputado fulano de tal? Deixa de ser besta rapaz, deixa essa ética pra lá", é o que muito dizem. No Brasil é assim: se jornalista fala demais, vamos amordaçá-lo (com CFJs da vida); se fala de menos, ele é omisso (então se amordaça mais ainda, porque faltou com os interesses esdrúxulos).
Ahhh, esqueçam essa tal de "objetividade-imparcialidade". É uma idiotice sem tamanho. Por quê? É simples: nenhum jornalista será imparcial. Todos, por motivos diversos - vivência, ideologia, princípios, interesses - serão parciais. Tenderão pra esquerda (que diz fazer diferente, mas faz igual a direita), pro centro (a meretriz pra toda hora) ou pra direita (aquela que trata cachorro melhor do que gente). O que faz do jornalismo uma profissão instigante é o esclarecimento dos fatos. Fatos são fatos. São os tais "bacanais" que os distorcem. Nisso, incluímos as ideologias e os interesses. E ponto final.
Embora todos os mitos, males e obstáculos em torno desta profissão, estarei nela futuramente, porque gosto. Pra ser um bom jornalista, não basta apenas gostar de notícia. Tem que gostar de ler, de escrever, de falar e principalmente, criticar e apontar erros (inclusive os próprios e pedir desculpas quando for necessário). Jornalista não é perfeito, muito menos bonzinho, mas tem que ser respeitado e ter a liberdade (não vamos confundir com libertinagem) para trabalhar dentro dos "limites" da profissão e da ética. E sabem qual é o mais interessante? Não há Financiamento Estudantil (FIES) para os estudantes desse curso. HA HA HA. Ótimo, não é mesmo?
Pra finalizar esse texto (enorme) contarei uma do Festival de Besteira Que Assola o País - de Stanislaw Ponte Preta -, para vocês terem um idéia de como a democracia e o jornalismo são tratados nesse país. A peça "Um Bonde Chamado Desejo" foi proibida pela Censura Federal, lá pelos idos do regime civil-militar de 64. A atriz da peça, Maria Fernanda, procurou o Deputado Ernani Sátiro para que atuasse em defesa da classe teatral. Lá pelas tantas da peça, ela grita: "E VIVA A DEMOCRACIA". Na mesma hora, o Deputado retruca: "INSULTO EU NÃO TOLERO".
Sobre o autor:
Estudante de jornalismo pela Universidade Católica de Brasília e editor do blog TarjaPreta.
Um comentário:
Esse já conhecia. Uma crítica pesada, mas forma necessária pra demostrar a rigidez que um jornalista passa nessa "via cruzes" da profissão.
Geysa Lucena.
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